Embrapa: Pesquisa encontra plantas que podem gerar pupunhas que atendam necessidade do mercado em meio déficit de boas sementes
Os resultados foram obtidos através de avaliação sensorial publicada recentemente; tradicionalmente, a pupunha é cultivada no Norte do BR, mas também há produção familiar no Leste de Santa Catarina, Paraná e São Paulo
Uma pesquisa realizada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Pará encontrou, entre centenas de pupunheiras (Bactris gasipaes Khunt) plantas que podem gerar frutos de mesa com qualidade, que são saborosas e que atendem às exigências de mercado. Os resultados foram obtidos através de avaliação sensorial publicada no último mês de dezembro de 2021 pela instituição.
“Por meio dos frutos mais apreciados conseguimos saber de quais pupunheiras se originam os mais promissores para a seleção genética pretendida, neste caso pupunhas para alimentação”, explicam as pesquisadoras Maria do Socorro Padilha de Oliveira e Rafaella de Andrade Mattietto, da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA), autoras da publicação.
De acordo com a publicação oficial divulgada recentemente pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a análise sensorial é uma importante ferramenta para obter informações que podem afetar diretamente o mercado, ou seja, para entender se os resultados em questão atendem o que é exigido e que também seja positivo e rentável ao produtor.
"Assim, avaliaram-se frutos de acessos de pupunheira quanto à aceitação sensorial com vistas a indicar os mais promissores para o mercado de frutos de mesa", acrescenta a Embrapa.
Sendo assim, foram colhidos cachos maduros, com frutos seguindo protocolos idênticos de preparo e cozimento das amostras. Segundo a Embrapa, o teste foi realizado em 41 julgadores não treinados, de ambos os sexos e com idades entre 19 e 67 anos. "A intenção de compra dos frutos foi avaliada utilizando-se a escala estruturada de cinco pontos", afirma a explicação.
A pesquisa destaca também que os cachos foram colhidos no mesmo dia e com frutos em estádio de maturação completa. "Um dia após a colheita, foi realizada a avaliação física dos frutos de cada cacho no Laboratório de Fitomelhoramento da Embrapa Amazônia Oriental, por meio de uma amostra de 15 frutos retirados ao acaso. Foram obtidos o peso dos frutos (balança digital), tamanho (com auxílio do paquímetro digital), observação da ocorrência de partenocarpia (ausência de semente) e avaliação da cor da casca e da polpa", mostra a pesquisa.
É importante destacar que o consumo de pupunha cozinha, principalmente no café da manhã ou lanche, é comum no Norte do Brasil, mas a produção passa por um momento de déficit no mercado de sementes com características que atendam à atual demanda mercadológica. "Aqui entra o papel das atividades realizadas no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Pupunha, pois, sendo um manancial genético vivo da espécie destinado a experimentos científicos, todos os exemplares desse banco são identificados e constantemente observados para fins de seleção", afirma a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A pesquisa constatou ainda que entre os pontos avaliados, o sabor foi o atributo que mais chamou atenção, mostrando assim maior influência na aceitação global dos frutos.
“Outros acessos desse BAG devem ser avaliados para mesa, ampliando o conhecimento a respeito do próprio banco e dos exemplares mais úteis ao melhoramento genético desejado”, comenta a engenheira-agrônoma Camila Pinto Brandão, mestranda de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária na Universidade Federal Rural da Amazônia, autora da publicação.
Para acessar a análise sensorial completa acesse o site da Embrapa ou clique aqui: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1135516/1/TC-44-20-BPD-Ainfo.pdf.
Sobre a pupunha
Segundo informações obtidas no site da Embrapa, a pupunha é nativa da região amazônica (justamente onde concentra sua produção com foco em frutos), mas também tem se mostrado uma opção para o cultivo sustentável de palmito na faixa leste de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. A instituição destaca ainda que esses estados contam com amplo projeto de pesquisa, o que gerou resultados para adaptar o cultivo da espécie também para a agricultura familiar.
