Indústria do arroz vê horizonte positivo para exportações do cereal em 2022, impulsionadas pela oferta do cereal e pelo câmbio 

Previsões são otimistas, mesmo com a perspectiva de que os problemas com o frete marítimo persistam, pelo menos, no primeiro semestre de 2022 

 

As exportações devem somar pelo menos 1,4 milhão de toneladas (base casca) em 2022, aproximando-se do volume embarcado em 2019, de 1,43 milhão de toneladas. Foto: CNA

Mesmo com as dificuldades em relação ao frete marítimo, que devem persistir ao menos no primeiro semestre do ano que vem, a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) tem projeções positivas para as exportações do cereal em 2022. A perspectiva é do diretor de Assuntos Internacionais da associação, Gustavo Trevisan, que pontua que "teremos disponibilidade de matéria-prima, e o câmbio deve seguir favorável às exportações”. 

 

Conforme dados compilados pela entidade, a safra de arroz 2021/22 é estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 11,4 milhões de toneladas, a ser colhida em uma área de 1.678,7 mil hectares. Conforme projeções da empresa estatal, as exportações devem somar pelo menos 1,4 milhão de toneladas (base casca) em 2022, aproximando-se do volume embarcado em 2019, de 1,43 milhão de toneladas. 

 

Para o encerramento de 2021, a expectativa da Abiarroz é de que as vendas no mercado externo alcancem pelo menos cerca de 1,2 milhão de toneladas de arroz, diz Trevisan. Levando em conta o acumulado de janeiro a novembro, o volume embarcado foi de 984 mil toneladas.  Em novembro, os dados do Ministério da Economia indicaram embarques de 26,3 mil toneladas, queda expressiva ante as vendas externas de outubro de 2021, de 140,6 mil toneladas. 

De acordo com dados da plataforma ComexVis, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, do total de embarques de arroz com casca, paddy ou em bruto entre janeiro e novembro deste ano, 49% tiveram como destino a Costa Rica, 26% para a Venezuela e 16% Nicarágua. Já quando se fala em arroz sem casca ou semi elaborado, polido, glaceado, quebrado, parbolizado ou convertido, 22% foram destinados ao Peru e, empatados com 11% no share, estão Venezuela, Cuba, Senegal e Holanda. 

 

Em relação aos principais estados brasileiros exportadores, para o arroz sem casca ou semi elaborado, polido, glaceado, quebrado, parbolizado ou convertido, o Rio Grande do Sul representa 89,7% da origem. Entretanto, esse percentual aumenta para o estado quando o produto exportado é o arroz com casca, paddy ou em bruto, o qual 99,6% sai do estado gaúcho. 

 

Números oficiais 

 

Trazendo informações diretamente do principal estado produtor, o diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz do Rio Grande do Sul (Sindarroz-RS), Tiago Barata, pontua que apesar da divulgação de números oficiais, os mesmos não mostram de fato o desempenho do setor de maneira fidedigna. 

 

“Os números oficiais não refletem a realidade. Identificamos, acompanhando o ritmo das exportações, a saída de pelo menos um navio com 26 mil toneladas (base casca) em outubro, que não apareceu nas estatísticas de novembro e deve ser contabilizado em dezembro”, assinala Barata. 

 

Ele ressalta ainda que 2021 foi marcado pelo ritmo lento das exportações. “Mas hoje estamos em melhor condição competitiva. O principal gargalo, que tem travado um pouco a liquidez dos negócios, são as dificuldades logísticas, mas encontramos alternativas para atender os mercados, como o uso de sacos big bag, que armazenam cerca de mil quilos de arroz, em substituição aos contêineres”, explica. 

 

Gustavo Trevisan, da Abiarroz,  também aponta os problemas com a logística como o maior entrave ao fluxo das exportações do cereal no ano de 2021. De acordo com ele, a escassez de navios e contêineres fez com que o preço do frete aumentasse exponencialmente. “Para o Peru, um dos principais destinos do nosso arroz, o valor do frete saltou de US$ 1 mil para US$ 7,5 mil, e para os Estados Unidos, de US$ 1,5 mil para US$ 9 mil.” 

 

Apesar das dificuldades, novas possibilidades para o escoamento do arroz brasileiro foram abertas, segundo informações da Abiarroz, justamente devido a busca para encontrar alternativas e driblar os problemas na cadeia. 

 

 “Diante das dificuldades de acesso aos equipamentos logísticos, o Brasil construiu uma alternativa e talvez não seja mais tão dependente de contêineres quando a situação se normalizar. Aliás, somos pioneiros no uso de big bag a para exportação de arroz”, ressalta Tiago Barata. “Sem dúvida, vamos sair mais fortes dessa situação”, finalizou o diretor-executivo do Sindarroz-RS.