Produção de banana do Brasil sente impactos severos do clima, alto custo de produção e baixa liquidez no mercado interno
Exportação, no entanto, se mostrou firme e pelo quarto ano consecutivo registrou avanço: Brasil aumenta de forma significativa participação no Mercosul
O produtor de banana foi mais um que sentiu no bolso a alta no custo de produção. A condição de rentabilidade mais limitada é a realidade das mais diversas culturas, em um ano marcado pela alta dos insumos que são justificadas pela demanda aquecida e também pelos gargalos logísticos que impediram a entrega dos produtos.
Além desses fatores, a valorização do dólar ante ao real, o clima e a expressiva volatilidade observada durante o ano também marcaram o ano de 2021 do setor de frutas. De acordo com análise anual divulgada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o cenário para o produtor de banana em 2022 é incerto.
A análise feita no levantamento do Centro de Inteligência em Gestão e Mercados da Universidade Federal de Lavras (CIM/UFLA) e posteriormente divulgada pela CNA, mostra que o custo de produção é o maior gargalo observado pelo setor, além de destacar que a alta foi observada nas principais áreas de produção de banana do país, como por exemplo, Santa Catarina, Bahia, Minas Gerais e São Paulo - estados produtores de banana tipo nanica, prata e caturra.
Os dados mostram também que o primeiro semestre do ano foi marcado por preços em queda, enquanto a segunda etapa de 2021 registrou grande volatilidade, alguma reação nos preços do mercado interno em todas as praças, mas ainda sem suprir os custos fixos da produção.
Com todos os indicativos de que a crise dos fertilizantes deve permanecer nos próximos meses, o futuro para os custos de produção é considerado incerto pelo setor. Entre os principais pontos de alta, destacam-se a valorização expressiva dos fertilizantes. O levantamento aponta que em Santa Catarina, no município de Corupá, o custo com fertilizante teve alta de 60%. Os dados estão disponíveis no site da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A análise anual da HF Brasil destacou, além desses problemas, as condições climáticas que resultaram em problemas para o produtor. A seca severa e o frio intenso limitaram a produção da banana em 2021. Segundo a publicação, o Norte de Santa Catarina, áreas produtivas em São Paulo e em Minas Gerais foram afetadas pelo frio precoce e as geadas intensas que marcaram o mês de julho. O frio, além de comprometer a qualidade da fruta, também favoreceu a incidência de chilling, resultando na morte de alguns bananais.
Nas demais áreas de produção, a chuva abaixo do ideal trouxe dor de cabeça ao produtor. "No semiárido, a maior parte da produção está localizada em perímetros de irrigação, mas, devido à grande necessidade de água, por muitas vezes a prática de irrigar não foi sufi ciente para evitar os estresses hídrico e térmico em 2021", destacou a publicação.
Já quando o assunto é exportação de banana, os números foram positivos em 2021 e pelo quarto ano seguido os embarques registraram crescimento, comprovando a forte demanda externa. Segundo a HF Brasil, as vendas externas foram fundamentais para garantir o escoamento da safra, principalmente porque o mercado interno teve um ano marcado por baixa fluidez.
Destaca ainda que é importante ressaltar que os esforços do setor para driblar a falta de contêineres e espaços em navios, resultaram em bons números. Os dados da Secex mostram que entre janeiro e novembro, a maior parte do produto foi destinada ao Mercosul, com 91 mil toneladas de banana, montante que representa 28% em relação ao mesmo período no ano passado.
Vale destacar que os concorrentes do Brasil no mercado, Bolívia e Paraguai, enfrentaram impasses na produção e comercialização da fruta durante 2021. A União Europeia permanece como maior parceira comercial do Brasil, comprando 10,6 mil toneladas, apresentando estabilidade em comparação com o ciclo anterior. "Para 2022, espera-se que o Brasil siga como protagonista no mercado sul-americano, disponibilizando frutas de boa qualidade e a preços competitivos", acrescenta a análise.