Conheça a cevada e confira 10 dicas para planejar o cultivo

Plantada principalmente entre Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, cevada ganha espaço entre as culturas de inverno e tem aumento expressivo de área

 

 

Cultivada principalmente entre Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, respectivamente, a cevada vem ganhando relevância dentre os cultivos de inverno. A cevada é uma gramínea de inverno, cujo cultivo no sul do país ocorre entre junho e novembro. Em São Paulo, onde também encontram-se lavouras, mas de menor expressão, o plantio acontece entre maio e setembro.

 

Enquanto, em meados de 2015, o Brasil produzia cerca de 100 mil toneladas do grão, a expectativa mais recente do Ministério da Agricultura era atingir a produção de 430 mil toneladas do grão em 2021. Esta elevação nos níveis de produção só foi possível devido ao trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que desenvolveu 91% das cultivares semeadas no país.

 

O Brasil absorve cerca de 70% dos grãos de cevada para malteação, mas ainda produz apenas 30% da demanda da indústria cervejeira. A maior fatia do mercado fica com o Paraná, que é estado líder na produção nacional de cevada.

 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Paraná foi responsável por 72% da produção de cevada no país em 2020, e 62% da área cultivada no mesmo ano. O Departamento de Economia Rural do Estado informou que, em 2020, a área foi equivalente a 75.995 hectares, um acréscimo de cerca de 20% em relação ao ano anterior.

 

Clima, genética e manejo influenciam diretamente na qualidade da cevada para a produção de malte. Poder germinativo, tamanho, teor de proteína e sanidade dos grãos, segundo a Embrapa, são fatores que só serão satisfatórios com a saúde da lavoura.

 

Ao adotar a rotação de cultura, indicada pela Embrapa, um dos sistemas compatível com a produção de cevada considera a alternância do cultivo entre aveia e soja; cevada e soja; e leguminosa ou nabo/milho. Para este caso, leva-se em conta um período de três anos. No entanto, a entidade aponta que a monocultura de cevada, assim como de outras culturas de inverno, como trigo, triticale, centeio e azevém, prejudica o desempenho da planta.

 

Pragas, doenças e fungos na cultura de cevada

 

Segundo a Embrapa, as sementes de cevada são vítimas de fungos patogênicos, entre eles Drechslera teres e Bipolaris sorokiniana. Há também o risco de podridões radiculares, que dificultam a absorção de água pela planta, bem como de nutrientes pelas raízes. Uma das mais sérias doenças das raízes dos cereais de inverno, o mal-do-pé pode causar mortandade das plantas até a destruição da lavoura.

 

As pragas de campo mais comuns na cultura de cevada são os pulgões e as lagartas, as quais podem reduzir a produção de grãos, se não controladas. De acordo com a Embrapa, os pulgões Metopolophium dirhodum, Schizaphis graminum, Sitobion avenae e Rhopalosiphum padi (Hem., Aphididae) causam danos diretos pela sucção da seiva da planta. Isso leva à redução no número de grãos por espiga, no tamanho, peso e poder germinativo das sementes.

 

Já o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga), conhecidos como larvas de solo, apresentam ciclo biológico de um a dois anos, incluindo as fases de ovo, de larva, de pupa e de adulto.

 

Quando o controle químico for a solução para controlar o grau elevado de infestação, a Embrapa indica que o volume de calda para aplicação dos herbicidas é de 100 a 150 L/ha. As pontas das caldeiras devem ser reguladas conforme condições ambientais de cada região, respeitando também as indicações de bula dos produtos registrados para aplicação na cultura de cevada.

 

10 dicas para o planejamento do plantio de cevada

  1. Verificar a plantabilidade da região e sua aptidão para a qualidade do malte;
  2. Tratar o solo para possibilitar profundidade de raiz, boa drenagem e fertilidade da cevada;
  3. Usar semente tratada e adaptadas à região de plantio;
  4. Estabelecer população adequada de plantas, entre 250 a 300 plantas por m², necessária para atingir o potencial produtivo das cultivares indicadas;
  5. Controlar e prevenir pragas e doenças, considerando o calendário ideal de plantio da cevada e das outras culturas incluídas na rotação;
  6. Respeitar o zoneamento agrícola da cevada, a depender da região de cultivo;
  7. Acompanhar o manejo da cultura anterior a fim de semear a cevada em áreas sem gramíneas;
  8. O espaçamento entre as linhas indicado é de 12 cm a 20 cm;
  9. A semente deve ser depositada em profundidade entre 3 e 5 cm;
  10. Fazer a rotação de culturas, e não apenas a substituição, considerando variar o plantio entre aveia, soja, leguminosas, milho ou nabo.

 

Colheita e armazenagem da cevada

 

A colheita da cevada deve ser feita em dias mais secos. A Embrapa considera que os grãos da cevada podem ser colhidos no momento em que o teor de umidade estiver abaixo de 15%.  Já para a conservação da cevada, os teores devem estar em 13% para períodos curtos e 12% para armazenagens mais prolongadas.

 

Algumas medidas preventivas também podem ser adotadas para garatir a qualidade da cevada depois de colhida. Limpar os silos, depósitos e equipamentos, eliminar sobras do armazenamento anterior e fazer o controle de roedores são passos importantes. Além disso, é recomendado pulverizar as instalações que receberão os grãos da cevada, usando produtos protetores na dose recomendada pela bula.

 

Se bem manejada do começo ao fim, a cevada pode ser lucrativa. De acordo com a Embrapa, os preços da cevada podem variar entre 120% a 135% do preço do trigo pão, a depender da qualidade de grãos. Desta forma, a cevada pode se tornar mais uma fonte de renda aos produtores que lidam com culturas de inverno.