Nova variedade de batata é criada com foco na fritura e cozimento

Nova variedade de batata é criada com foco na fritura e cozimento

Cultivar possui versatilidade culinária tanto para fritura quanto para o cozimento - Foto: Arione Pereira/Embrapa


O Programa de Melhoramento Genético de Batata da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresenta a cultivar BRS F183 (Potira) que, entre outras características, tem versatilidade culinária tanto para fritura quanto para o cozimento. Segundo informações da instituição, o baixo teor de açúcares e a concentração de 21% de matéria seca garantem estas qualidades à cultivar.

De acordo com a Embrapa, níveis baixos de açúcares evitam o escurecimento após a fritura e o teor de matéria seca superior a 20% indica alto rendimento industrial e qualidade para fritura, principalmente com relação à textura das batatas. Isso é importante porque a aceitação da batata para fabricação de palitos pré-fritos depende muito da cor e da textura do produto final ao consumidor.

“Para a indústria de palitos os requisitos são o formato alongado e tamanho grande; o teor de matéria seca alto, para rendimento industrial, no sentido de absorver menos gordura, ficando crocante; e o teor de açúcar baixo, que não escurece na fritura”, reforça o pesquisador da Embrapa Clima Temperado (RS) e líder do Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, Arione Pereira.

Outra característica da BRS F183 (Potira) é a aparência, principalmente a película lisa e as gemas rasas, que facilitam o descascamento. Os tubérculos têm cor vermelha mais intensa por fora (casca) e amarela-clara por dentro (polpa) e demoram mais a esverdear após a colheita. O formato é alongado e, no campo, essas batatas são pouco suscetíveis a deformidades, segundo aponta a Embrapa. 

“O desenvolvimento da Potira está alinhado às demandas prioritárias da cadeia brasileira da batata, que incluem variedades para processamento industrial de palitos pré-fritos congelados e variedades para o mercado in natura de multiuso culinário, com a vantagem de ser a Potira uma variedade de duplo propósito”, pontua Arione.

Desempenho no campo

A indicação para cultivo da variedade BRS F183 (Potira) é para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. A Embrapa informa que a planta se adapta melhor à safra de inverno (plantios de maio a julho) dos estados de Minas Gerais e São Paulo e às safras de outono (plantios de fevereiro a março) e primavera (plantios de agosto a setembro) do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Também é adaptada à safra de verão nas regiões de maior altitude do Sul do país.

No caso da produtividade, a instituição pontua que, se bem manejada, a cultivar apresenta potencial alto, que supera as 50 toneladas por hectare, com estabilidade de produção. As plantas possuem porte médio a grande, ciclo vegetativo longo (levam, em média, 110 dias para produzir), período de dormência médio (tempo médio para desenvolvimento dos brotos) e rusticidade média (o que indica necessidade média de cuidados com a planta para seu bom desenvolvimento). 

Além disso, a cultivar é moderadamente resistente à mancha de alternária (Alternaria solani) e requeima (Phytophthora infestans), duas doenças foliares, e suscetível à sarna comum, causada pela bactéria Streptomyces scabies. Devido à suscetibilidade à sarna comum, algumas medidas de controle são recomendadas para garantir o desenvolvimento sadio dos tubérculos, como evitar o plantio em solos com risco da doença e com pH acima de 5,5; fazer controle da sanidade das sementes; e manejar a água de irrigação para evitar períodos secos no início da formação dos tubérculos.

Após os testes iniciais nos campos da Embrapa em Brasília, que confirmaram características importantes para a indústria de palitos pré-fritos congelados, como formato mais alongado, foi a vez de expandir a validação junto aos produtores rurais e à indústria processadora, em Perdizes (MG), que é um polo de destaque para a batata-indústria no País. 

“Ao fim do processo, a cultivar BRS F183 (Potira) foi validada e aprovada por todas as frentes – pesquisa, produtores rurais e indústria de processamento”, celebra o pesquisador Agnaldo Carvalho, da Embrapa Hortaliças, que enfatiza a importância de disponibilizar para o setor produtivo e para o mercado consumidor um material nacional para uso como batata pré-frita congelada que entrega mais qualidade do que os produtos importados.

O ótimo desempenho da cultivar também se repetiu nas etapas de avaliação conduzidas em Canoinhas (SC), localidade com condições ambientais bem diferentes, o que indica a ampla adaptação da nova cultivar a diferentes regiões de cultivo de batata.