Embrapa: Atualização dos mapas trazem novas informações sobre estoque de carbono nos solos do Brasil 

Sul e Amazônia se destacam na pesquisa e entender potencial do Brasil é mitigar mudanças climáticas no longo prazo

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Informações inéditas sobre estoque em solos profundos - Imagem: Embrapa/Divulgação


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou em novembro os novos mapas de estoque de carbono orgânico do solo do Brasil. Eles são considerados um significativo avanço do Programa Nacional de Solos do Brasil, o PronaSolos, que foi criado em 2020. "Os solos têm papel crucial na mitigação de mudanças climáticas, pela capacidade de sequestrar carbono da atmosfera e estocá-lo de forma mais estável", destaca a Embrapa.  

 

É importante ressaltar que um solo saudável é a condição básica e crucial na produção de alimentos, energia e fibra, e principalmente na mitigação das mudanças climáticas. Os mapas divulgados recentemente têm como principal objetivo ilustrar os conhecimentos do Brasil nessa área.  

 

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), atualmente, o Brasil desponta em primeiro lugar entre os 15 países que têm maior potencial para estocar carbono no mundo, e por isso a Embrapa defende que investir em estudos com foco no solo é fundamental para aplicação das políticas de descarbonização da agricultura nacional.  

 

“Trata-se de mais uma contribuição da ciência para a agricultura brasileira, de fundamental importância para o enfrentamento das alterações climáticas”, destacou Celso Moretti, presidente da Embrapa, durante sua participação na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26). 

 

Ele explica ainda que os novos mapas servem de base para o setor entender o que há de carbono estocado nos solos do Brasil, o que de agora em diante deve contribuir em diversos estudos que já estão em andamento. "Permitem identificar áreas degradadas, quando a matéria orgânica não está mais presente, áreas com grandes estoques de carbono, mas alta vulnerabilidades às mudanças climáticas, como as de mangue e solos orgânicos, além de potencial para gerar mapas de potencial de sequestro de carbono, entre outros usos”, diz a chefe geral da Embrapa Solos, Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin. 

 

Cuidar do solo também é mitigar os danos das mudanças climáticas. A publicação destaca que a importância dos solos agrícolas para mitigação das mudanças climáticas é importante já que, ao mesmo tempo, funcionam como fonte e sumidouro de carbono. "Quando mal manejados, emitem CO2 para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, por ser um dos Gases de Efeito Estufa (GEEs). Mas o seu papel mais importante, como sumidouro, é sequestrar o carbono da atmosfera e estabilizá-lo na matéria orgânica do solo. Com os novos mapas, é possível diferenciar áreas com maiores e menores estoques de carbono, auxiliando o Brasil a cumprir os compromissos que assumiu na agenda global de redução de emissões de GEEs", complementa.  


De acordo com os mapas, o Sul do Brasil e a Amazônia possuem a maior quantidade de carbono. Na parte mais baixa do país, existe uma grande área, um "bolsão", com altos estoques de carbono nas regiões serranas. Esses solos são formados com materiais mais ricos, como basalto em locais planos de altitude. Segundo a pesquisa, o ambiente propicia o acúmulo porque a degradação é mais lenta, uma resposta ao clima mais frio e ao mesmo tempo existe boa produção de massa vegetal.  

 

Já na Amazônia, a produtividade primária e a massa vegetal também são significativas, apesar do clima quente e o excesso de chuva que aceleram de certa forma a degradação. "A a ciclagem de nutrientes é intensa, promovendo o acúmulo de carbono no solo", explica.  

 

Nas áreas com solos mais arenosos, como no Pantanal, mostra-se o contraste do país. Segundo a Embrapa, mesmo com grande quantidade de solo alagado, os solos acumulam muito pouco porque não têm material argiloso onde o carbono ficaria retido, ou seja, é perdido nas chuvas.  

 

“Os mapas de 2017 e 2021 mostram que o estoque total de 36 bilhões de toneladas de carbono, 5% do estoque global, é bastante similar entre as duas versões do mapa, o que nos traz uma confiança que estamos acertando no alvo. O Brasil é nação de destaque, pelo seu tamanho, contribuindo para o estoque global”, afirma o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Solos.