Trigo de inverno nos Estados Unidos já começa com muitos problemas: clima quente e seco, elevação de custos e problemas logísticos 

Condições adversas do clima nas áreas americanas levantam alerta para o setor que já vem trabalhando com preocupações em outros elos da cadeia 

espondendo às preocupações do setor, preços avançaram no mercado futuro nas últimas semanas de dezembro: Cenário ainda é de incerteza na produção global do cereal - Foto: Sindustrigo

Os dois últimos anos foram marcados por um clima adverso. Entre os principais problemas e as condições fora do ideal, a falta de chuva tem tirado o sono de produtores de vários países, trazendo problemas para as mais diversas culturas, entre elas a produção de trigo nos Estados Unidos.  

 

De acordo com informações divulgadas pelas indústrias americanas, o clima muito seco e quente pode impactar diretamente na produtividade do trigo de inverno nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos. A informação chega ao mercado no mesmo momento em que o setor observa que a oferta global do cereal para moagem vem registrando queda.  

 

As indústrias afirmam ainda que o desenvolvimento da safra enfrenta dificuldades em algumas áreas como na região de Oklahoma, onde as plantas não têm sistemas de raízes robustos, sem condição de lidar com condições de clima fora do ideal.  

 

Além disso, o setor americano comenta ainda que a safra de inverno por si só já é mais vulnerável para uma maior deterioração, uma resposta ao solo seco, além da falta de neve que podem tornar o cereal mais suscetível ao inverno rigoroso.  

 

Em relação ao estoque mundial do grão, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) trabalha com a projeção de que eles serão menores em cinco anos, quando a safra de 2021/22 for concluída.

 

Já quando o assunto é a produção americana, é importante destacar que o estado de Kansas é o maior produtor de trigo duro vermelho de inverno, justamente a maior parte da produção do cereal dos Estados Unidos. A semeadura é feita tradicionalmente entre setembro e outubro, com a fase dormente acontecendo durante o inverno e a retomada do crescimento acontece na primavera, com a colheita sendo feita entre junho e julho. 

 

"A projeção é de mais chuvas em Estados importantes produtores, como Indiana, Illinois e Missouri, mas a temperatura alta e o tempo seco devem se manter em Estados do sul. Variações climáticas podem afetar a produtividade agrícola e nos últimos anos contribuíram para oscilações de preço", afirmou a previsão do tempo publicada pelo site Dow Jones Newswires.  

 

Diante das preocupações atuais do mercado, os preços do trigo avançaram no mercado futuro nos últimos dias de dezembro. De acordo com análise de mercado da agência de notícias Reuters, as preocupações se voltam principalmente para as dificuldades enfrentadas nos Estados Unidos com a severa seca, confirmando as projeções da indústria.  

 

Não se pode esquecer de mencionar os problemas com elevação de custos e crise dos fertilizantes que atingem toda a cadeia produtiva a nível mundial. De acordo com analistas, os custos elevados podem resultar em uma diminuição no uso de fertilizantes, conforme afirmou a Fitch Solutions em nota divulgada em dezembro. A alta demanda também dá suporte para expressiva alta no frete e a tendência é de que o cenário continue sendo o mesmo durante o ano de 2022.  

 

Por falar em problemas que devem permanecer na cadeia produtiva, o gargalo logístico é um deles. Outro fator que pode fazer com que os Estados Unidos diminua as aplicações nas principais safras, inclusive para o trigo de inverno.  

 

O ano de 2021 já foi marcado por intenso impasse logístico. Com a retomada das economias e forte demanda pela China, todos os países sentiram o impacto da falta de contêineres e espaços nos navios, o que resultou em um frete marítimo ainda mais caro e desabastecimento de fertilizantes. Segundo analistas, com muitos atrasos nos embarques, a tendência é que o problema persista por todo ano de 2022, enquanto o setor segue buscando por soluções. Além disso, as novas variantes da Covid-19 seguem no radar do mercado e podem voltar a movimentar os preços e as incertezas em relação à demanda de alguns produtos,  mantendo assim todo o setor em alerta nos próximos meses.