Pesquisa consegue pela primeira vez materiais semelhantes ao limão siciliano importado e fase de teste começa em propriedades de Goiás
Clones foram entregues ao produtor que, a partir de agora, vai avaliar desenvolvimento da nova cultivar no estado: expectativas são positivas, já que o maior volume de limão siciliano comercializado em GO é proveniente da importação
A produção de citros no estado de Goiás ganhou um novo aliado. A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) divulgou no último dia 22 de dezembro, que iniciou a distribuição de novas mudas de clones de limão siciliano para agricultura familiar no município de Anápolis. “Com grande diferença de preço no mercado, variedade pode trazer maior ganho econômico para os produtores”, destacou a Emater em publicação oficial.
O clone foi desenvolvido na Estação Experimental da Emater em Anápolis e o trabalho foi conduzido pelo engenheiro agrônomo e pesquisador Toshi Ogata. Segundo a Emater, o próximo passo da pesquisa é a avaliação das mudas por cinco produtores de citros da região.
De acordo com a publicação, esse não é o primeiro experimento voltado para o setor de frutas cítricas feito na estação. Anteriormente, também conduzido por Toshi Ogata foram realizadas pesquisas com cultivares de laranja e mexerica. O objetivo principal dos estudos é chegar a variedades que possam produzir mais e com maior qualidade.
A Emater destaca ainda que dos vários clones observados pelo pesquisador, três clones das mudas de limão siciliano foram escolhidas por Toshi. As três apresentaram perspectivas positivas para se tornaram material comercial.
A próxima etapa, de avaliação do produtor, é uma das mais importantes do processo. Segundo a Emater, é a partir de agora que o real cenário para a muda será avaliado, já que muitas vezes a realidade do produtor apresenta outros padrões para cultivo. O novo clone chama atenção e se destaca justamente por ser a primeira vez que a equipe avança para um material semelhante ao de limão siciliano importado, além de apresentar características de comércio interessantes. “Nós estamos disponibilizando essas mudas para uma primeira avaliação em campo pelos produtores, porque às vezes o padrão que a pesquisa tem é diferente do que o produtor tem”, explica Marcos Coelho, gerente da Estação Experimental.
Para escolha dos produtores, alguns critérios foram levados em consideração pela Emater. Entre eles, o produtor precisou apresentar experiência com manejo e produção de citros. "Além disso, orientações sobre o plantio foram enviadas por Toshio, como tamanho adequado das covas e adubação", afirma a Emater.
Produção de Citros no estado
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o estado de Goiás atualmente é o 15º maior produtor de limão no Brasil. A produção é dividida em 13 municípios e 171 propriedades rurais. O levantamento mais recente mostra ainda que em 2020 foram comercializadas pelas Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa) o volume de 20,5 mil toneladas, gerando receita de R$ 60,2 milhões. Entre os maiores municípios produtores se destacam Inhumas, Ababia e Anápolis
Mas quando se fala em limão siciliano, a produção no estado goiano ainda é considerada baixa, de acordo com o pesquisador Toshio Ogata, o que justifica grande parte da mercadoria da variedade comercializada no estado ser importada. “O limão que é produzido no Brasil é um limão siciliano de aspecto muito feio. A casca é grossa e a dona de casa normalmente gosta daquele que é comprido, não muito grande, amarelinho, que tenha bastante suco e casca fina”, explica
Em relação ao mercado, a análise conjuntural da Ceasa mostra que também em 2020 foram comercializadas mais de 2 mil toneladas de limão siciliano no estado. Desse montante, apenas 1,2 toneladas são provenientes da produção goiana.[Text Wrapping Break][Text Wrapping Break]A expectativa é que com o aumento da produção no estado, também haja um incremento no consumo da fruta na região, mas Toshio destaca que apesar do cenário positivo, ainda não é possível fazer um prognóstico até que a próxima fase da pesquisa seja concluída.