Realidade para o agronegócio: Práticas ESG, quando bem executadas, trazem benefícios além do campo e fazem economia e gestão avançarem
Diretora executiva e porta-voz da Associação dos Bananicultores de Corupá destaca em palestra importância de aplicar ESG para fomentar economia em um dos mais importantes municípios produtores de banana do país.
É unânime entre as principais lideranças do agronegócio brasileiro que a prática ESG (ambiental, social e governança, em português) já é uma realidade para o setor a nível mundial e, quem não se adaptar, fazer as inclusões necessárias, pode ficar para trás.
Responsável por grande parte da produção alimentícia que abastece o mundo, o Brasil se destaca e tem feito a lição de casa nas mais diversas culturas, através de lideranças e cooperativas, com práticas ESG sendo colocadas em prática no país. O diálogo entre cooperativas e produtores é essencial para alcançar efetividade nessas ações.
Com o consumidor final cada vez mais exigente no tocante à sustentabilidade, as práticas ESG são debatidas no mercado há anos, mas o assunto acabou sendo potencializado durante a pandemia da Covid-19.
Passando mais tempo em casa e prestando mais atenção na forma de cultivo, o consumidor final cada vez mais se interessa pelas práticas socioambientais no setor produtivo, e principalmente na rastreabilidade de cada produto. O assunto é uma realidade para o setor e ficou ainda mais em evidência durante a 26ª Confederação das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26).
Eliane Cristina Müller, diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco) destacou, em palestra na Semana Internacional do Café que aconteceu no começo de novembro, como as práticas ESG têm impulsionado o desenvolvimento da cultura na cidade de Corupá, em Santa Catarina, uma das principais produtoras do país.
Durante o debate, Eliane ressaltou a importância do desenvolvimento da economia com base no cultivo de banana, sobretudo por meio da agricultura familiar com foco nas bases das políticas de ESG.
A porta-voz relatou que o grande ponto de partida para colocar ações em andamento foi valorizar o produto através dos moradores locais. As parcerias citadas na palestra, como o Banco Mundial e o Sebrae, foram elos importantes para alavancar o sucesso da produção.
De acordo com informações da executiva, atualmente, graças às práticas ESG, os negócios em Corupá expandiram além da agricultura, aparecendo também na gastronomia local, artesanato, festividades tradicionais como Natal e Páscoa, eventos esportivos e também no desenvolvimento de alimentos como catchup de banana.
“ESG não pode ser um produto. É uma cultura. Eu não posso fazer de conta que promovo ESG. Eu tenho que viver, tenho que ser real e não utilizar as ações de ESG fora e fazer diferente na minha propriedade. É preciso ter metas claras, coletivas e também individuais, já que cada um de nós tem responsabilidade nesse processo”, ressaltou Eliane.
A bananicultura tem grande importância para a economia do município e há pelo menos 120 anos vem se destacando no mercado. O município é o maior produtor de banana do estado de Santa Catarina e a quinta cidade com maior produção no Brasil.
Além disso, o sabor da fruta produzida em Corupá se destaca no mercado, ela é considerada a banana mais doce do Brasil. De acordo com os registros, a conquista foi possível devido ao avanço na forma de produzir, mas principalmente pela determinação dos moradores locais. Além disso, a cidade hoje possui selo de Indicação Geográfica de Denominação de Origem (IG).
Segundo as lideranças do município, o potencial produtivo da fruta na cidade é o que também dá destaque à produção local. As condições climáticas observadas na região colaboram para o sucesso reconhecido Brasil afora.
De acordo com a diretora executiva, os desafios do inverno são os que favorecem o doce na fruta. Segundo ela, são observados extremos na temperatura, entre 0ºC e 42º nesta época do ano, além da região de cultivo ser considerada montanhosa, mas o terreno propício é o plano.
“Automaticamente a fruta fica de três a quatro meses a mais na planta, o que gera maior acúmulo de amido e, consequentemente, maior conversão de açúcares naturais. E assim produzimos a banana mais doce do Brasil”, destaca a líder.