Publicação da Embrapa traz detalhes sobre o manejo do arroz em terras altas em Sistema de Plantio Direto no Cerrado 

Publicação da Embrapa traz detalhes sobre o manejo do arroz em terras altas em Sistema de Plantio Direto no Cerrado 

Para os autores do documento, o arroz de terras altas possibilita uma série de benefícios para a sustentabilidade da agricultura. Foto: CNA

A Circular Técnica 94, lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), apresenta tecnologias para o cultivo do arroz de terras altas em Sistema Plantio Direto (SPD) na região do Cerrado. Segundo a entidade, a publicação traz uma atualização do conhecimento sobre o assunto, buscando quebrar o estigma de que a cultura não possui bom desenvolvimento no SPD em relação ao plantio convencional. 

 

Conforme a explicação contida no documento, "o arroz de terras altas é cultivado em praticamente todos os estados brasileiros, entretanto é predominante em áreas de Cerrado e, em menor extensão, sob Floresta Amazônica. Os solos do Cerrado possuem, de maneira geral, elevada acidez, baixa capacidade de troca de cátions e de armazenamento de água, baixa fertilidade natural, traduzida pela deficiência generalizada de nutrientes, particularmente de fósforo, associada a teores elevados de alumínio".  

  

Para os autores do documento, o arroz de terras altas possibilita uma série de benefícios para a sustentabilidade da agricultura.  A inserção do grão como alternativa na rotação de culturas muda o paradigma de cultivo estabelecido da sucessão soja no verão e milho na safrinha, permitindo melhor manejo das lavouras pela ruptura do ciclo de plantas daninhas, pragas e doenças. 

  

Segundo considerações dos pesquisadores que elaboraram a Circular, em rotação com a soja, o arroz pode proporcionar a quebra dos ciclos de insetos-praga, doenças, plantas daninhas, rotação de princípios ativos dos pesticidas e melhoria das características físicas, químicas e biológicas do solo. 

 

Para além disso, é possível constatar que os principais benefícios da adoção do Sistema Plantio Direto são o incremento dos teores de matéria orgânica, da atividade biológica e da estruturação do solo, além de maior conservação da umidade, redução da infestação de plantas daninhas e da erosão. O Sistema Plantio Direto proporciona também aumento da fertilidade do solo, devido à degradação e à liberação de nutrientes da palha das plantas de cobertura, conforme pontua a Embrapa no documento.  

 

"A garantia de bons resultados da cultura do arroz, em sucessão às plantas utilizadas para cobertura do solo em Sistema Plantio Direto, depende também do manejo das espécies para transformá-las em palha. Assim, o adequado controle químico das plantas de cobertura é uma das práticas de maior importância visando à alta produtividade de grãos", descreve o documento. 

 

Dessa maneira, se mostra importante a utilização de rotação de culturas com inclusão de plantas de cobertura com sistema radicular agressivo, tendo como objetivo reduzir a compactação do solo, a ciclagem de nutrientes, o aumento dos teores de amônio no solo e o incremento dos teores de matéria orgânica. Segundo a instituição, entre as opções de plantas de cobertura, destaca-se o milheto que proporciona incrementos significativos na produtividade de grãos da cultura.  

 

O manejo adequado dessa planta de cobertura ou de outra opção do agricultor, deve ser realizado com antecedência à semeadura do arroz, e o solo precisa ser trabalhado de forma apropriada para evitar restrições químicas e físicas no desenvolvimento das plantas. Sendo assim, o uso de hastes metálicas (botinhas) na semeadora, tendo como objetivo romper camadas compactadas e, com isso, maior necessidade de controle de cupins, deve ser avaliado caso a caso.  

 

Outro ponto trazido pelos autores da Circular é em relação às aplicações nas lavouras. Uma das indicações é fazer a aplicação de maior quantidade de nitrogênio na semeadura, sobretudo em áreas com grande volume de palha na superfície do solo, especialmente de gramíneas. Nestas condições, a recomendação dos especialistas da Embrapa é também a compactação do sulco de semeadura, tendo como meta o maior contato da semente com o solo, além de obedecer ao zoneamento agroclimático, utilizar cultivares recomendadas para a região e realizar o controle adequado das plantas daninhas.  

 

Em conclusão descrita pelos autores na Circular, se as recomendações pontuadas forem seguidas, aumentam as chances de se obter altas produtividades com a cultura do arroz, convertendo-se em mais uma opção na rotação de culturas no Sistema Plantio Direto. A tecnologia do plantio de arroz de terras altas no Sistema Plantio Direto está consolidada para situações específicas, quando o teor de matéria orgânica do solo ou restrições hídricas em fases críticas da cultura não sejam fatores limitantes. 

 

Para acessar a Circular Técnica na íntegra, clique no link: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223901/1/cir-tec-94.pdf