Áreas na Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e DF têm potencial para plantio de pêssego 

Outros fatores também precisam ser considerados para o bom desenvolvimento do pomar e para o sucesso econômico da propriedade, como perfil do produtor, nível de tecnologia empregado e acesso a mercados.

 

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Outros fatores também precisam ser considerados para o bom desenvolvimento do pomar e para o sucesso econômico da propriedade, como perfil do produtor, nível de tecnologia empregado e acesso a mercados

Estados do Sul e Sudeste do Brasil hoje concentram a produção de pêssegos e nectarinas, mas outras áreas na Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal foram identificadas com o potencial para o plantio das culturas em um Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), segundo a Embrapa. O estudo de zoneamento indica as áreas e períodos de menor risco climático para essas culturas no País e define as regiões mais indicadas para o cultivo, de maneira a reduzir perdas e garantir rendimentos mais elevados aos fruticultores.  

 

Elaborado com base em estudos da Embrapa Clima Temperado (RS) e da Embrapa Informática Agropecuária (SP), o Zarc empregou metodologia unificada para ampliação das avaliações em todo o Brasil. A preparação do material também contou com a participação da cadeia produtiva e de representantes de entidades de pesquisa, ensino e extensão. Para isso, foram realizadas reuniões técnicas para definição da metodologia de execução do zoneamento e, posteriormente, para validação dos resultados, segundo informa o reporte da Embrapa. 

 

O zoneamento identificou três regiões de altitudes elevadas que, em sistemas irrigados, apresentaram condições agroclimáticas de baixo risco (até 20%), mas que atualmente não possuem cultivo. No Mato Grosso do Sul, o município de referência é Ponta Porã, na Serra de Maracaju (600 m de altitude). Em Goiás, na região do Planalto Central (800m a 1.000m), a área favorável segue um eixo sul-norte, desde Cristalina até Alto Paraíso de Goiás, incluindo também o Distrito Federal. Já na Bahia, se destacam os municípios de Piatã e Mucugê, na Chapada Diamantina (1.000m).  

 

“O trabalho mostrou regiões do País com condições semelhantes às do Rio Grande do Sul, com potencial e que podem ser exploradas, criando um novo desafio para a pesquisa nacional de testar a viabilidade dessas áreas, explica o pesquisador responsável pelo trabalho, Carlos Reisser Júnior, do Laboratório de Agrometeorologia da Embrapa Clima Temperado. 

 

Entretanto, Ivan de Almeida, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária também responsável pela agrometeorologia e geoprocessamento do zoneamento, pontua que o documento indica regiões potenciais para o cultivo comercial apenas com base no clima e na disponibilidade hídrica. Outros aspectos também precisam ser considerados para o bom desenvolvimento do pomar e para o sucesso econômico da propriedade, como perfil do produtor, nível de tecnologia empregado e acesso a mercados. 

 

 “Por mais que as questões ambientais demonstrem que há potencial, há ainda o fator humano. É preciso ponderar com cuidado antes de iniciar qualquer empreendimento”, disse Almeida.  

 

Ampliação da abrangência da metodologia 

 

Com a nova metodologia para o desenvolvimento do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ao invés de limitar a recomendação das cultivares apenas por região, de acordo com a disponibilidade de Horas de Frio (HF), o novo zoneamento considera não apenas a exigência de frio das cultivares registradas, mas também suas datas médias de floração. 

 

Desta forma, segundo a Embrapa, é possível cruzar as exigências hídricas e de temperatura de cada fase da planta com os dados médios de cada região escolhida, estabelecendo níveis de risco para cada fase da cultivar. 

 

A classificação em níveis de risco (de até 20%, de 20% a 30%, de 30% a 40% e de mais de 40%) é feita com base na disponibilidade de água e nos índices de temperatura de cada região avaliada, para as diferentes fases da cultura. Áreas com risco de mais de 40% não são consideradas indicadas para o plantio. 

 

De forma mais abrangente para contemplar todo o País, o estudo para a criação deste zoneamento definiu como regiões de alta disponibilidade de frio (superior a 450 HF) aquelas com temperatura mínima média no mês de julho inferior a 10º C; regiões de média disponibilidade de frio (de 200 a 450 HF) com temperatura entre 10º C e 14º C; e regiões de baixa disponibilidade de frio (de 75 a 200 HF) com temperatura entre 14º C e 15º C. São consideradas impróprias regiões com temperatura mínima média do mês de julho superior a 15º C.