Primeiras uvas da safra 2022 começam a chegar e chamam atenção pela qualidade da produção 

Em relação ao tamanho da safra, expectativa é de números parecidos com o ano passado, de aproximadamente 30 milhões de kg em Garibaldi, no Rio Grande do Sul 

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Colheita está atrasada quando comparada com os outros anos, mas primeiras análises mostram que qualidade da fruta deve ficar além do esperado, apesar das condições climáticas observadas no ciclo atual - Foto: Cooperativa Garibaldi

Depois de passar pelo tão esperado processo de colheita, as uvas da safra 2022 começam a chegar nas vinícolas do Rio Grande do Sul. A expectativa é positiva tanto para a produtividade, mas principalmente pela qualidade alcançada pelos produtores do estado.  

 

Segundo estimativa da Cooperativa Vinícola Garibaldi, localizada no Norte do Rio Grande do Sul, o tamanho da produção deve ser próximo ao observado no ano passado, de aproximadamente 30 milhões de quilos. Até o dia 5 de janeiro, a cooperativa já havia recebido 230 mil quilos. O fim da colheita está previsto para acontecer em meados de março.  

 

Segundo Ricardo Morari, enólogo da cooperativa, as primeiras análises indicam uma safra de qualidade que chama a atenção, com boas frutas, se destacando aquelas com maturação precoce, que tem como destino a fabricação de espumantes, por exemplo.  

 

Apesar do cenário positivo até aqui, o baixo volume de chuva que vem prejudicando toda produção agrícola do estado também é uma preocupação para o produtor de uva e pode, inclusive, alterar as estimativas de recebimento da fruta previstas pela cooperativa.  

 

“Podemos, sim, ter uma quebra nesses números, porém é muito difícil precisar, agora, como a safra vai se comportar até o final”, diz o especialista da Vinícola Garibaldi. A cooperativa explica ainda que apesar do baixo volume de chuva ser registrado em todo o estado, para a produção da fruta, o cenário é de muita irregularidade já que as propriedades ficam em áreas de diferentes microclimas.  

 

“Os vinhedos cultivados em locais onde os solos são mais profundos conseguem sobreviver melhor à estiagem. De qualquer maneira, estamos atentos e procurando orientar nossos associados a utilizarem técnicas de manejo para extrair o melhor produto dessa safra, que ainda tem tudo para ser de bastante qualidade”, diz o especialista no setor. 

 

Estimativa de mercado para 2022 

 

O ano de 2021 foi marcado pela alta nos custos de produção em todo o setor agrícola do Brasil. No caso das frutas, também foi observado aumento da demanda para exportação, o que continua chamando atenção de todo o setor que tem expectativa de que o mercado externo continue demandando bastante do Brasil em 2022. 

Com relação ao mercado, as expectativas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada - Cepea - Esalq/USP, é de oferta elevada nos primeiros meses de 2022, o que segundo a análise, será reflexo do atraso na safra 2021/22 em Pilar do Sul/RS, Marialva/PR e São Miguel Arcanjo/SP. Chama atenção ainda que nessas áreas a rentabilidade do produtor pode sentir algum efeito negativo, já que a geada registrada no inverno de 2021 forçou o trabalho de repodas, o que consequentemente aumentou os custos.  

 

“Apesar do atraso e dos maiores custos devido às repodas, a expectativa para a safra é de boa produtividade, considerando que os parreirais já mostram sinais de bom desenvolvimento.No entanto, a rentabilidade da cultura tem preocupado agentes, visto que os preços durante as festas de fim de ano costumam ser mais remuneradores, enquanto no início do ano, a demanda tende a ser menor por causa dos gastos extras do consumidor (impostos e despesas escolares)” destaca a análise.  

 

Já em outras áreas de produção, como no Vale do São Francisco (Pernambuco e Bahia), a tendência é de oferta controlada nos primeiros meses de 2021, mas as atenções nessas áreas continuam voltadas para o efeito do La Niña, que só deve perder forças em meados de março e já levou muita chuva para áreas de cultivo. Há relatos de prejuízo na ordem de R$ 45 milhões com as chuvas registradas entre a passagem de dezembro e janeiro. Já com relação ao investimento da área, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP) destaca que a tendência é de continuidade dos aumentos no Vale do São Francisco e estabilidade nas demais praças de produção.