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AUMENTO DA QUEIMA BAINHA ARROZ TERRAS ALTAS
Pesquisadora da Embrapa traz detalhes sobre o aumento da queima da bainha em arroz de terras altas
A doença aumentou em intensidade, devido à introdução de cultivares do tipo moderno, porte semi-anão e com grande número de perfilhos; e os plantios em rotação com plantas hospedeiras


Valácia Lemes da Silva Lobo, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), traz em artigo pontos sobre o incremento na queima da bainha em arroz cultivado em terras altas. Segundo o reporte, a queima causada pelo fungo Rhizoctonia solani é mundialmente a principal doença do complexo de doenças do colmo e da bainha na cultura. Quando se fala nos impactos econômicos, impacta principalmente sistemas intensivos de produção.
A doença, de acordo com a pesquisadora, tem o manejo complicado, uma vez que se trata de um fungo de solo que produz estrutura de resistência, escleródios, que podem sobreviver por longos períodos no solo, e por apresentar uma ampla gama de hospedeiros. Valácia pontua ainda que, além do arroz, a doença é capaz de infectar cerca de 250 espécies, incluindo plantas daninhas e plantas cultivadas, como tomate, feijão, soja, braquiárias, entre outras.
Em seu artigo, a pesquisadora ressalta que a doença aumentou em intensidade em função da introdução de cultivares do tipo moderno, porte semi-anão e com grande número de perfilhos, além dos plantios em rotação com plantas hospedeiras como soja, braquiárias, entre outras, fazendo crescer a densidade de inóculo no solo, principalmente nos sistemas de cultivo irrigado tropical e subtropical.
Mais especificamente, o problema traz mais danos nos cultivos de arroz em sistemas irrigados. Entretanto, nas últimas safras, foi possível observar um avanço expressivo na ocorrência e na severidade da queima da bainha nos cultivos de arroz de terras altas, principalmente no estado de Mato Grosso e Rondônia, com potencial para causar danos significativos na produtividade e na qualidade final dos grãos. A pesquisadora pontua que isso se deve, em grande parte, ao manejo dado às lavouras.
Valácia explica no artigo que "o fungo sobrevive na forma de escleródios e micélio presentes no solo e em restos culturais, e, ainda, nas plantas daninhas, constituindo o inóculo primário, que é aquele que vai iniciar a infecção das plantas". A água de irrigação e/ou o movimento do solo durante seu preparo podem ajudar a propagar o fungo. Os escleródios sobrevivem até dois anos e aumentam no solo com o tempo, acumulam-se ao redor da planta de arroz e causam infecção inicial nos colmos, passando de planta a planta pelo contato entre elas.
Sintomas
De acordo com a pesquisadora, manchas ovaladas, elípticas ou arredondadas, de coloração branco-acinzentada e bordas marrons bem definidas aparecem nas bainhas e nos colmos. Na forma mais severa, é possível observar manchas semelhantes nas folhas, porém com aspecto irregular.
"Baixa luminosidade, alta umidade, em torno de 95%, e temperatura entre 28 e 32ºC favorecem o desenvolvimento e a severidade da doença, bem como elevados teores de matéria orgânica, altas doses de nitrogênio e fósforo, acompanhados de alta densidade de semeadura; rotações do arroz com outras plantas hospedeiras; e plantio de cultivares altamente suscetíveis. Danos causados por insetos, como broca do colmo e percevejo, predispõem a planta à infecção pelo fungo", descreve Valácia no artigo.
Segundo a pesquisadora, a doença se desenvolve rapidamente durante a floração, quando o dossel da planta é mais denso e fechado, formando um microclima favorável ao crescimento e propagação do fungo. Os sintomas visíveis incluem a formação de lesões, acamamento de plantas e grãos vazios, e o secamento das folhas.
Quando a doença ocorre na fase de iniciação da panícula ou floração, causa uma redução do peso total dos grãos em função de uma menor porcentagem de espiguetas cheias, o que resulta em perdas significativas de rendimento.
Manejo da doença
A pesquisadora enumera formas de fazer o manejo do problema, como, por exemplo, o manejo cultural, já que plantas com arquitetura moderna são mais suscetíveis. Neste caso, é preciso observar o equilíbrio da adubação nitrogenada, uso racional de herbicidas, densidade da semeadura, entre outros.
Apesar de não haver nenhum genótipo de arroz, no mundo, identificado como imune à doença, alguns podem ser parcialmente resistentes ao problema, se configurando como boa opção.
No manejo químico, segundo a pesquisadora, existem fungicidas registrados para o controle de Rhizoctonia solani em outras culturas, porém, para o uso na cultura do arroz, as opções são quase nulas. O fungicida azoxistrobina tem funcionado eficazmente no controle do patógeno, porém, deve-se estar atento ao uso correto dessa tecnologia para evitar a seleção de estirpes resistentes ao produto
Por fim, o controle biológico, citado por Valácia no artigo, realizado por meio de uso de bioagentes têm sido relatados em várias partes do mundo. "Os mais utilizados são espécies de Trichoderma, Pseudomonas e Bacillus. A eficácia deste controle está associada ao momento e número de aplicações; e, ainda, da combinação entre bioagentes", explica no reporte.